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CCTV - televisão em círculo fechado...

 


CCTV, ou câmaras de "protecção",

é um conceito interessante entre humanos...

Hoje em dia há pessoas

com essa autoridade,

ou autorização

de nos observarem sem serem vistos...

É interessante observar como nós, seres humanos,, 

nos comportamos quando sabemos que somos observados

e quando não...

porquê este fenómeno ?

é apenas uma necessidade de privacidade?

Acho que há coisas que não deviam ser partilhadas, 

mas hoje parece que tudo vale...

Falo como uma pessoa de 46 anos...

(por alguma razão  achei este facto significante)

Às vezes esqueço-me da idade,

porque quando estou comigo, não interessa,

sou sempre eu...

como o género, raça , estado civil ou nacionalidade,

não são classificações que me definem,

vou evoluindo e crescendo,

mas há coisas que não mudam,

como uma essência ...

Tudo tem uma essência própria ,

depois de lavados, fervidos, 

destilados à mais pura transparência ...

Mas essa essência só alguns conhecem ,

e só alguns conseguem ver,

porque não são câmaras ,

nem dados colecionados e guardados,

que alguma vez dirão quem sou,

não são os meus movimentos,

mesmo os da minha mão quando escrevo,

que me dirão quem eu sou...

poderão dizer o que penso

neste exacto momento,

poderão demonstrar uma certa emoção

dependendo de como ESCREVO, 

ou que caligrafia escolho usar,

se escrevo com pressa, ou com tempo,

se estou apenas a recordar eventos passados

ou se estou a usar a mente

para canalizar ideias que poderão

tomar forma ou não...

Ninguém realmente sabe

exactamente o que quer dizer

quem escreve...

Há muitos bons(as) escritores(as),

mas a mente

é um mistério infinito demais

para ser posto em palavras...

palavras que se juntam e formam conceitos,

às vezes cheios de preconceitos

ideias pré concebidas,

agarradas a uma língua

e a uma cultura...

Tenho a certeza que

se tivesse começado a escrever em Inglês,

algo diferente iria emergir...

Porque escrever é também isto,

o brincar com palavras,

umas lembram outras,

e deixamo-nos conduzir

por uma mente que é só nossa,

e única...

Qual câmara ?

Quais dados guardados em nuvens

irão alguma vez extrair

essa essência?

O que olhos vêm

é mera encenação,

mesmo uma flor no seu auge

mostra apenas um momento,

que na maioria dos casos é breve...

Mesmo a vida de um ser  humano...

Que nos diz uma bio-grafia? 

os actos de uma pessoa

enquanto viva nesta terra

num determinado período?

Temos também a foto-grafia,

que hoje em dia é o que nos resta

para lembrar uma vida...

"Fiz isto", "Fiz aquilo", "Estive lá",

Está tudo numa página na internet...

E aquilo que não se vê?

Os medos, as inseguranças,

as intrigas e desconfianças,

as opiniões que nunca são escritas 

com sinceridade...

Somos todos "amigos",

mas cada vez nos conhecemos menos... 

Quantos vivem hoje, 

sentados em frente a um ecrã,

a olhar para a vida dos outros?

Já não estamos a falar da velhinha

que passa o dia à janela,

estou a falar do que é hoje considerado "normal"...

esta aparente conexão global

onde vejo cada vez mais desconexão 

do que realmente deveria ser Natural,

da Natureza...

As pessoas "seguem-se" umas às outras,

e não passa disso mesmo - um seguir,

e não é de admirar

que alguns até persigam ...

Onde é que isto irá parar?

Eu tenho apenas 46 anos,

mas dou graças por ter crescido até aos meus 23 anos

sem telemóvel ou internet,

e mesmo assim, 

tenho tentado reduzir o uso

para o que é necessário e útil,

e não para me relacionar com outros humanos...

Como introvertida que sou,

os amigos pessoais do dia-a-dia,

são mais que "suficientes",

ou seja, são mais do que a verdadeira atenção 

que consigo humanamente dar a cada um...

o trabalho na terra também não me deixa

muito mais tempo para usar estas tecnologias...

A isso dou graças também,

pois provavelmente, se não tivesse escolhido

este tipo de vida,

facilmente me prenderia a um ecrã

e as mil e uma distrações 

que consumiriam,

e adormeceriam a essência 

que está em mim,

para ser vivida e expressada,

e acordada,

não em fotografias ou ecrãs,

mas na vida nua e crua,

com os seus altos e baixos,

com as suas vulnerabilidades,

as suas falhas,

e também as suas privacidades,

que são apenas nossas

e daqueles com quem escolhemos

partilhar...

cada momento na vida,

é precioso.


(escrito originalmente à mão no meu caderno, também feito à mão por mim)

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